O tratamento escolhido para o cancro colorretal, também conhecido como cancro do intestino, tem em conta muitos fatores incluindo o estádio do cancro e o bem-estar geral do doente em causa. A equipa de saúde que acompanham o doente em causa irá decidir qual o melhor tratamento após avaliação individual de cada caso.
Assim como o ADN de cada indivíduo é único, o cancro de cada indivíduo também é único, o que significa que o tratamento que ajuda uma pessoa pode não ajudar a outra pessoa. Para se perceber que tipos de tratamentos é que podem ser indicados para uma pessoas em específico o médico poderá fazer alguns testes ao seu tumor (também conhecidos por teste de biomarcadores).
Biomarcadores mais comuns em cancro colorretal
As proteínas RAS (KRAS, NRAS e HRAS) são necessárias para existir um crescimento celular normal. Quando existe uma mutação no gene RAS as células deixam de precisar de um sinal para ativar o crescimento e divisão celular e, crescem desmedidamente (sem controlo).
Mutações neste gene podem alterar determinadas funções das células incluindo o crescimento e sobrevivência.
O gene BRAF produz uma proteína que ajuda no controlo do crescimento e divisão celular. Quando existe uma mutação no neste gene o crescimento e divisão celular não é parado pela proteína provocando uma crescimento descontrolado das células.
Em células normais existe um sistema chamado DNA mismatch repair (MMR) que corrige os erros que ocorrem durante a replicação de ADN. Defeitos no MMR levam a instabilidade microssatélite elevada (MSI-H: microsatellite instability-high). Esta instabilidade causa uma acumulação de erros genéticos e pode resultar no desenvolvimento de alguns cancros.
A proteína HER2 também conhecida por fator de crescimento epidérmico humano tipo 2 é responsável por regular o crescimento normal das células. Quando existe uma mutação no gene que produz a proteína HER2 as células acabam por crescer e dividirem-se sem controlo.
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Existem alguns tratamentos dirigidos a determinados biomarcadores específicos como, por exemplo, o BRAF, HER2 e MSI-H. Neste sentido, o seu médico poderá pedir para testar o seu tumor no intestino em relação a estes biomarcadores.
Estádios
De uma maneira geral por estádio são estes os tratamentos, normalmente, considerados:
Estádio 0 e 1 – Cirurgia
Estádio II – Cirurgia | Terapêutica sistémica (geralmente como complemento à cirurgia) | Radioterapia
Estádio III – Cirurgia | Terapêutica sistémica | Radioterapia
Estádio IV – Muito variável podendo incluir vários dos tratamentos dos estádios anteriores.
- Compreenda melhor cada estadiamento do cancro colorretal
Cancro do Intestino: Tipos de Tratamento
Cirurgia
A cirurgia tem um papel importante na maioria dos cancros e, por isso, é também uma opção de tratamento muito utilizada no tratamento do cancro do intestino. A cirurgia no cancro colorretal implica a remoção da parte do cólon ou do reto que contém a lesão oncológica e possíveis gânglios linfáticos que estejam também afetados.
Terapêutica sistémica
O que são a Radioterapia e Quimioterapia?
Radioterapia
A radioterapia mata as células tumorais através de radiação ionizante. Esta terapêutica é normalmente realizada antes da intervenção cirúrgica em associação com a quimioterapia com o objetivo de se reduzir o tamanho do tumor. A radioterapia ou a radioterapia em associação com a quimioterapia após cirurgia é apenas realizada em doentes específicos que tenham um risco elevado do cancro voltar a reaparecer.
Quimioterapia
Utiliza diferentes fármacos que afetam o crescimento celular e acaba por destruir as células tumorais evitando que estas se dividam e se multipliquem. As células tumorais crescem e dividem-se mais rapidamente do que as células normais, o que as torna mais suscetíveis à ação da QT. No entanto, às vezes, esta terapia também pode afetar células saudáveis. A quimioterapia é um tratamento administrado por via endovenosa e é muitas vezes utilizada em combinação com dois ou mais fármacos.
Outras opções de tratamento do cancro do intestino:
Terapia dirigida
Este tipo de terapêutica é dirigida para parar alguns processos específicos envolvidos no desenvolvimento do cancro. Alguns fármacos deste grupo param a formação de novos vasos sanguíneos (angiogénese) que alimentam o tumor e o seu consequente crescimento e outros fármacos deste grupo evitam que as células tumorais recebam sinais para continuarem a crescer. Esta terapêutica como é dirigida a um alvo terapêutico tem menos ação nas células saudáveis do nosso corpo. Este tipo de tratamento, atualmente, está apenas disponível para o estádio IV e nem todos os doentes neste estádio beneficiam deste tratamento, uma vez que, na maioria das vezes apenas funciona em indivíduos que têm uma determinada mutação genética (biomarcadores).
Imunoterapia
A imunoterapia utiliza as defesas imunitárias do próprio organismo para combater o cancro. Os medicamentos de imunoterapia ajudam o sistema imunitário (responsável pela defesa do organismo) do doente a reconhecer as células cancerígenas como estranhas e a eliminá-las. Este é, também, um tipo de tratamento que poderá não trazer benefício para todos os doentes e, no cancro colorretal, este tipo de tratamento só está disponível para indivíduos com o biomarcador MSI-H. Adicionalmente, hoje em dia, a imunoterapia em cancro colorretal apenas é utilizada no estádio IV e é estimado que apenas 4 a 5% dos doentes neste estádio tenham o biomarcador MSI-H.
Preparação e efeitos secundários
Nenhum destes processos, para o tratamento do cancro do intestino, deve ser iniciado sem antes se preparar, física e psicologicamente, e sem compreender todos os possíveis efeitos secundários dos mesmos.