Tratamento do Cancro do Esófago

Tratamento do Cancro do Esófago

Como me posso preparar para os tratamentos?

Todos os tratamentos têm os seus benefícios, riscos e contraindicações. As pessoas devem perguntar ao seu médico oncologista os benefícios e riscos expectáveis de cada tratamento, para estar informadas sobre as possíveis consequências. Para alguns doentes, estão disponíveis várias opções de tratamento e a escolha deve ser discutida de acordo com o balanço entre os seus riscos e benefícios.

Para determinar o melhor tratamento, os médicos terão de considerar vários aspetos da pessoa e do cancro. 

Informação relevante sobre a pessoa

  •  História médica 
  • Resultados do exame físico 
  • Bem-estar e estado geral
  • Resultados das análises ao sangue, incluindo hemograma para verificar a existência de anemia e testes de função hepática e renal
  • Resultados da endoscopia e da TAC do tórax e abdómen (e da ultrassonografia endoscópica, no caso das pessoas que realizarem este exame)
  • Resultados da avaliação pré-operatória. De acordo com o estado geral de saúde da pessoa, isso pode incluir análises ao sangue adicionais, raio-X do tórax, eletrocardiograma (ECG) e teste de função pulmonar.
  • Preferências da pessoa em relação ao tipo de tratamento 

Os resultados são importantes para decidir se a pessoa está suficientemente apta para ser submetida a cirurgia.

Informação relevante sobre o cancro

Estadiamento

A parede do esófago é constituída por quatro camadas, desde a mais profunda (camada 1) à mais superficial (camada 4). O cancro do esófago cresce da camada mais profunda para a mais superficial e depois para outras partes do corpo.

Para avaliar até que ponto o cancro se propagou no corpo – isto é, para fazer o estadiamento do cancro − os médicos utilizam o sistema de estadiamento TNM. A combinação da informação sobre o tamanho do tumor e invasão de tecidos próximos (T), o número de gânglios linfáticos para os quais o cancro de propagou (N) e a existência de metástases (isto é, se o cancro se propagou para outros órgãos do corpo; M) serve para classificar o cancro num de cinco estadios possíveis (Estadio 0 a IV).

Estadiamento do Cancro do Esófago

Outra informação importante para fazer o estadiamento do cancro é o grau. O grau reflete a rapidez de crescimento e disseminação do cancro no corpo e é definido por comparação das células cancerígenas com células normais ao microscópio; quanto mais diferentes as células cancerígenas foram das células normais, mais rápido é previsível que o cancro cresça.

Os médicos utilizam a combinação destas informações (estadios TNM e grau) para conhecer a fase exata em que o cancro se encontra e avaliar o prognóstico da pessoa. Geralmente, quanto mais inicial for a fase em que o cancro encontra, melhor será o prognóstico. Esta informação é ainda fundamental para tomar as melhores decisões de tratamento.

O estadiamento é habitualmente realizado duas vezes: após a avaliação clínica e radiológica, antes do tratamento (designado estadiamento de base), e após a cirurgia, no caso das pessoas que fazem este procedimento (designado estadiamento patológico). Quando é feito após a cirurgia, o estadiamento pode também incluir a avaliação laboratorial do tumor removido.

Ressecabilidade (se o tumor pode ser operado)

O cirurgião determinará se o tumor é operável (ou ressecável), ou seja, passível de remover completamente através de cirurgia, ou inoperável (irressecável). Um tumor pode ser irressecável por ter crescido demasiado para os tecidos ou gânglios linfáticos adjacentes, por estar demasiado próximo dos principais vasos sanguíneos ou por se ter espalhado para partes distantes do corpo. Não existe uma linha divisória clara entre ressecável e irressecável no que se refere aos estadios TNM do cancro, mas geralmente cancros em fases mais iniciais têm maior probabilidade de ser ressecáveis. A decisão de operar dependerá também do estado geral da pessoa para realizar cirurgia.

Localização do tumor no esófago

Para decidir o melhor tratamento, é importante saber a localização do tumor. De acordo com a sua localização vertical no esófago, os tumores podem encontrar-se na região:

– cervical, correspondente à parte superior do esófago, junto ao pescoço;

– intratorácica, correspondente à parte intermédia do esófago, junto ao peito;

– inferior, junto à porção do esófago que se liga ao estômago (designada junção esofágico-gástrica)

Localização do tumor no esófago

Resultados da biópsia

A biópsia é examinada ao microscópio no laboratório através de um exame designado exame histopatológico. A avaliação do tumor e dos gânglios linfáticos após a sua remoção cirúrgica constitui o segundo exame histopatológico efetuado e é muito importante para confirmar os resultados da biópsia e para fornecer mais informações sobre o cancro. Os resultados da análise da biópsia devem incluir:

Tipo histológico

O tipo histológico diz respeito ao tipo de células que formam o tumor. Se o tumor é formado por células achatadas a revestir o esófago, trata-se de um carcinoma de células escamosas. Se o tumor é formado por células que produzem e libertam muco e outros fluidos, trata-se de um adenocarcinoma. Se a avaliação do tipo de células do tumor identificar um carcinoma de pequenas células, um terceiro tipo muito raro de cancro do esófago, o tratamento será feito em função dessa informação.

NOTA: A informação fornecida nesta página não se aplica a carcinomas de pequenas células.

Grau

O grau baseia-se no quão diferentes as células tumorais são em relação às células normais do esófago e na rapidez com que se multiplicam. No caso do cancro do esófago, o grau será um valor entre um e quatro. Quanto mais baixo for o grau, melhor será o prognóstico.

Biomarcadores tumorais

Para além da análise da biópsia ao microscópio, são também efetuados alguns testes que dão informação sobre marcadores biológicos (ou biomarcadores) do cancro, isto é, genes ou proteínas do tumor que ajudam a caracterizá-lo melhor e saber que tratamentos vão ser mais benéficos. Estes testes são habitualmente efetuados através das técnicas de hibridação fluorescente in situ (ou FISH) ou imunohistoquímica.

Os principais biomarcadores testados no cancro do esófago do tipo adenocarcinoma são o HER2, o PD-L1 e a instabilidade de microssatélites/reparação de ‘mismatch’.

Teste do HER2

Este teste é efetuado para adenocarcinomas localizados na parte inferior do esófago, perto da junção com o estômago. Através de um teste de hibridação fluorescente in situ (ou FISH) ou de imunohistoquímica, são analisados os genes das células cancerígenas. Algumas células têm uma amplificação do gene HER2, o que significa que existem demasiadas cópias desse gene num dos cromossomas da célula. O gene HER2 é responsável pela produção de uma proteína que influencia o crescimento e migração das células e pode torná-las mais malignas. Para além disso, é um elemento importante na definição das opções de tratamento. Quando existem demasiadas cópias do HER2 e demasiada quantidade da proteína correspondente nas células tumorais, fala-se de um cancro HER2-positivo. Caso contrário, o estado do HER2 é negativo. Os cancros HER2-positivos são de natureza agressiva.

Teste do PD-L1

O sistema imunitário humano tem um tipo importante de glóbulos brancos designados células T. A principal função das células T é atacar entidades nocivas presentes no corpo, como bactérias, vírus e tumores, e para isso utilizam uma proteína existente na sua superfície, designada proteína de morte celular programada 1 (ou PD-1). As células cancerígenas têm uma proteína diferente na sua superfície, designada ligando da proteína de morte celular programada 1 (ou PD-L1). Quando a PD-1 e PD-L1 se encontram – o que se designa por ‘checkpoint’ imunológico – a célula T recebe uma ordem para não atacar a célula cancerígena.

O teste do PD-L1 mede a quantidade de PD-L1 que um tumor produz. Saber isto ajuda o médico a decidir se o tratamento com fármacos designados inibidores de ‘checkpoint’ imunológico (ou imunoterapia) pode ser benéfico para a pessoa. Os inibidores de ‘checkpoint’ imunológico impedem que as proteínas PD-1 e PD-L1 se encontrem e permite que as células T façam o seu trabalho e ataquem as células cancerígenas. Cancros que produzem uma quantidade de PD-L1 superior a uma determinada percentagem poderão ser tratados com estes fármacos.

Teste da instabilidade de microssatélites/reparação de ‘mismatch’

Este teste serve para ver ser se as células cancerígenas apresentam níveis elevados de alterações genéticas designadas instabilidade dos microssatélites ou se apresentam alterações nos genes de reparação de ‘mismatch‘, que são genes responsáveis por reparar ADN danificado. Tal como o teste do PD-L1, este teste serve para ver se o tratamento com inibidores de ‘checkpoint’ imunológico é adequado para a pessoa.

PT-KEY-00750 10/2021

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